ANDIROBA E CARNAÚBA - AMIGOS E IDOSOS CRÍTICOS DOS REMÉDIOS.
Escrevendo sobre milagres e suspeitas - UMA SÁBIA ESCUTA DE IDOSOS DE ORIGENS DIVERSAS.
Não à competiçãoo: Norte X Nordeste!
Não trataremos aqui se a andiroba amazonense é melhor ou pior do que a carnaúba piauiense! Afinal, dois idosos tiveram a palavra e a escuta deste escriba que faz questão de respeitar o direito que eles têm de serem visíveis e falantes, considerados em suas sabedorias complementares de saúde popular.
Eles vinham com muita conversa, com muito a esperar. Eu só sei que eles gostavam de estar juntos para gabar seus estados de nascimento mencionando as riquezas dos remédios caseiros: Piauí e Amazonas.
Em resumo, vi que entre eles havia uma sólida unidade de saberes diante dos remédios e demais produtos derivados dessas duas espécies nativas da flora brasiliensis. Amantes da medicação caseira que comprovam com expriência própria acerca do conhecimento vindo dos antigos mestres da saúde.
Fiquei surpreso que um deles sabia como nas cidades foi descartada a medicação das pomadas, chás e unguentos das florestas e caatingas. Começou a falar das fábricas de remédios, movidas pelo lucro movidos pela ganância sem limites. Um deles lembrou que conheceu um vendedor de remédio de farmácia, em um hospital antigo, que dava o preço de acordo com o rosto do comprador. Quanto mais triste e preocupado ou angustiado estivesse à procura do remedio, mais aumentava o preço. Nesse momento, alguém grita com raiva, contando uma história sobre a ganância de filhos ingratos, cuja disputa era o dente de ouro da mãe. O mais esperto ou ganancioso já dormia com um alicate debaixo do travesseiro para ficar com o dente quando a mão doente morresse. Acho que ele estava mentindo como as dúvidas que dizem por aí sobre algumas farmacêuticas internacionais.
Dizem que as indústrias estão preocupadas com as doenças a fim lucrar mais do que promover a saúde plena da mente e do corpo do cidadão pobre. "Mens sana in corpore sano". “Barriga cheia, casa para morar, tempo para trabalhar, descansar e se cuidar”, declarou um deles.
Cabe nesse momento discursivo descrever sobre as propriedades medicinais, postas na natureza pelas plantas, seivas e frutos das árvores. A conversa virou sobre a versão crítica que expurgou os remédios caseiros das culturas milenares dos povos para beneficiar os remédios de laboratório.
A história do expurgo dos remédios caseiros, por incrível que pareça, surgiu das riquezas do controle do petróleo nos Estados Unidos da América, cujos recursos se expandiram para a indústria química e para as pesquisas médicas das doenças.
"Mas havia um problema com o plano de Rockefeller no que se referia à indústria médica: medicamentos naturais/fitoterápicos eram muito populares na América naquela época. Quase metade dos médicos e faculdades de medicina dos EUA praticavam medicina holística, usando conhecimentos da Europa e dos nativos americanos" (Autor: Chris Kanthan – Tradução livre por Dr. Victor Paviani Victor Paviani, médico e professor em Joinville).
A estratégia para lucrar com a doença, segundo o autor da citação acima, foi tremendamente consistente e, enfatizo duas determinantes para o desenvolvimento dos laboratórios.
1. Pesquisaram as plantas para determinado mal-estar ou adoecimento e para fabricar em laboratório algo similar, não idêntico, e patentear para vender e assim lucrar com a doença ou apenas o alívio dos sintomas.
2. Desmentiram, desacreditaram e alcançaram leis para criar um modelo de formação e de atendimento dos médicos que se espalhou pelo mundo.
Sabendo desta rápida trajetória histórica, voltemos para a conversa entre os dois homens idosos em suas sábias simplicidades, que se gabavam de conhecer, por experiência, o poder curativo da andiroba e da carnaúba.
Eles, iluminados e mestres da floresta e da caatinga, admoestam-nos sobre a medicalização que os grandes laboratórios mundiais (Big-pharma) promovem; dizem os críticos, que estas são acusadas de criar doenças a fim produzir sempre novos remédios para combater os efeitos colaterais. Medicamentos que sejam tomados sempre, criando dependência para a vida toda. Até dizem que premiam os médicos que os receitam com viagens para congressos turísticos, quase sempre temporadas de gratidão por receitarem remédios do mesmo laboratório.
Quanto à carnaúba amarga, dizia-me um deles que serve para as dores na coluna ou "desmentidura do espinhaço”. “Certa vez eu sentia um cansaço em forma de 'comichão na perna', que não tive vergonha de tomar em forma de chá, quando vi umas ‘piulas’ de carnaúb em vidrinhos.” Um outro comentou: “no desespero da dor de estômago com uma queimação braba, eu me curei”.
Quanto à andiroba, dizia o amazonense: “Nunca vi remédio melhor para inflamação! Devido ao seu poder de cura, serve para os nossos reumatismos. Serve também para amaciar a pele. Para nós idosos, um massageio do rosto tiraria todos os 'pés de galinha' e aí a gente ia ser enxergado pelos dançarinos".
Um outro idoso amigo, ao lado da cerca, gritou:
"Não precisamos ter a cara lisa para negar os vincos de nossas dores e dos sonhos de retorno para com aqueles que nos abandonaram!"
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